Feira de Santana: O próximo gigante da eletromobilidade e a alavancagem logística com a BYD

BYD avalia terreno de 100 hectares em Feira de Santana para nova fábrica na Bahia.

Foto: Divulgação - Redes Sociais

Feira de Santana está em vias de consolidar sua vocação como um dos principais centros logísticos do Brasil, e a chegada iminente de uma nova unidade da BYD (Build Your Dreams), gigante mundial em veículos elétricos e soluções de mobilidade sustentável, é o catalisador que promete transformar a economia local. A reunião estratégica entre o prefeito José Ronaldo, o CEO da BYD Brasil, Tyler Li, o diretor Alexandre Lier, o secretário estadual de desenvolvimento e o deputado Ângelo Almeida não foi apenas um aceno político; foi o reconhecimento oficial da potência logística inegável da cidade e o início de uma nova era de desenvolvimento industrial no Nordeste.

O Poder da intermodalidade: Feira de Santana, o entroncamento vital

A capacidade de Feira de Santana de sediar um projeto industrial desta magnitude reside em sua posição geográfica estratégica, que a qualifica como um verdadeiro hub logístico nacional. A cidade é o ponto de convergência de algumas das rodovias federais mais importantes do país, formando um entroncamento rodoviário único que conecta o Brasil:

  • BR-116 (Rio-Bahia): Eixo fundamental de ligação Norte-Sul, que permite o escoamento da produção diretamente para o Sudeste, o coração econômico do país, e para o Sul.

  • BR-324 (Salvador-Feira): A principal artéria de acesso ao Porto de Salvador e à capital do estado, crucial para a importação de componentes e a exportação de veículos acabados.

  • BR-101 (Litorânea): Conecta o Nordeste e o Sul do país, facilitando o acesso a outros mercados regionais importantes.

Essa interconexão garante o escoamento da produção de forma mais eficiente e com custos logísticos potencialmente menores para a BYD. A proximidade com o Porto de Salvador (via BR-324) é um detalhe técnico vital, facilitando a logística internacional, tanto na fase inicial de importação de insumos e tecnologia (SKD/CKD) quanto na exportação de modelos fabricados no Brasil. A já existente infraestrutura de apoio logístico na cidade, evidenciada pelo crescimento da demanda por condomínios e centros de distribuição, endossa a tese de que Feira está pronta para suportar a cadeia de suprimentos de uma montadora de alta tecnologia.

BYD em expansão: Tecnologia e detalhes técnicos

A iniciativa de Feira de Santana se alinha à ambiciosa estratégia da BYD no Brasil, que já investiu cerca de R$ 5,5 bilhões em Camaçari (BA). A unidade de Camaçari, que visa produzir modelos elétricos como o Dolphin Mini e híbridos como o Song Pro e King, tem uma capacidade inicial de 150 mil unidades por ano, com planos de expansão para até 300 mil ou até 600 mil veículos anuais, além da nacionalização de componentes e a produção de baterias de Lítio e Ferro Fosfato.

Foto: Divulgação - Redes Sociais

A planta de Feira de Santana, se concretizada, poderá focar na expansão da capacidade produtiva de veículos ou em projetos complementares, como a produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos ou na ampliação da cadeia de baterias, utilizando tecnologias de ponta como a Blade Battery, que oferece maior segurança, durabilidade e otimização do espaço. A escolha da BYD por Feira de Santana demonstra a necessidade de a empresa ampliar sua base operacional no estado, aproveitando o polo logístico para otimizar a distribuição de seus produtos em todo o Norte e Nordeste.

Impacto socioeconômico e geração de emprego

A atração da BYD representa uma guinada no perfil industrial de Feira de Santana.

  1. Geração maciça de empregos: A fase de implantação da fábrica, que requer a avaliação de grandes terrenos (como a avaliação de uma área de 100 hectares noticiada), já mobiliza a cadeia de construção civil. Na operação, a BYD emprega um grande contingente de mão de obra direta e indireta, em cargos técnicos e especializados. A experiência da fábrica de Camaçari aponta para a demanda por:

    • Técnicos em Mecatrônica/Automação (para robótica industrial e CLPs).

    • Engenheiros e Técnicos em Qualidade (metrologia e medição dimensional).

    • Eletricistas e Mecânicos especializados.

    • Soldadores e Funileiros.

    • Operadores logísticos.

    A expectativa é que a nova unidade gere milhares de oportunidades, exigindo e fomentando a capacitação técnica da população local.

  2. Fortalecimento da cadeia produtiva local: A BYD tem como política incentivar fornecedores locais, o que pode levar à atração de empresas do setor de autopeças, componentes e serviços, diversificando a economia de Feira de Santana e impulsionando as pequenas e médias empresas regionais.

  3. Aumento da arrecadação: O crescimento industrial e a geração de renda elevam a arrecadação municipal (ISS, IPTU, etc.) e estadual (ICMS), permitindo mais investimentos em infraestrutura e serviços públicos.

A concretização do projeto da BYD em Feira de Santana não é apenas um investimento isolado; é o reconhecimento da cidade como um polo estratégico para a nova matriz de mobilidade elétrica no Brasil. Ao se posicionar no entroncamento logístico mais importante do Nordeste, a BYD garante maior agilidade e alcance de mercado, enquanto Feira de Santana garante a alavancagem de sua economia, reforçando o seu papel de "Princesa do Sertão" na era da sustentabilidade e da alta tecnologia industrial.

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